sábado, outubro 28, 2006

Os bondes do Recife


A imagem acima é de um cartão postal do início do século XX, que circulava ainda em 1954, com a estação dos bondes junto ao Arco de Santo Antonio no início da ponte Maurício de Nassau.




Entre o final do século XIX e início do XX rodaram pelas ruas do Recife os primeiros bondes com tração a vapor ou animal. Os bondes a vapor e de tração animal rodaram no Recife até a Primeira Guerra Mundial quando chegaram os bondes elétricos.


A chegada da modernidade. O serviço de bondes elétricos foi inaugurado oficialmente no dia 13 de maio de 1914, em cerimônia festiva, com a presença do então governador do Estado de Pernambuco, o general Emydio Dantas Barreto e outras autoridades. O povo foi às ruas do centro da cidade para ver o novo e moderno meio de transporte, administrado pela companhia inglesa Tramways.




Na foto acima podemos ver o contraste dos bondinhos elétricos dividindo espaço com os carros automotores. Apesar da diferença de tamanho o bonde perde a "briga" pelo espaço. O desaparecimento desses coletivos, que tantos e tão bons serviços prestaram aos recifenses, foi um processo lento e moroso. Enquanto foi possível manter o serviço, mesmo em condições precárias, o povo usou o bonde até sua extinção total nos anos de 1956 a 1957.

A história do bonde elétrico no Recife está intimamente vinculada à história política e social da cidade, afinal, foram praticamente quarenta anos de circulação desse veículo pelas ruas do Recife. O bonde acompanhou o progresso, as mudanças socioeconômicas, a moda, assistiu ascensões e quedas de governos.

Os bondes eram altos, mas possuíam estribos para facilitar a subida dos passageiros. Mediam três metros de largura, tinham bancos largos de madeira que davam para acomodar cinco ou seis pessoas, em cada um. Nos bondes maiores, de dois truques, (conjunto de dois eixos de rodas sobre o qual se assentam as extremidades do chassi dos vagões, para lhes permitir entrar em curvas) as cadeiras podiam virar para um e outro lado. As linhas de ida e volta, com dois carros cruzando um com o outro, tomavam praticamente toda a largura das ruas que em geral, mediam no máximo oito metros.

As viagens morosas para os bairros distantes do centro da cidade, as pessoas sentadas bem juntas umas das outras, em ambiente arejado, favoreciam as conversas, as leituras de jornais, livros e revistas, as amizades e os namoros. Era proibido fumar nos três primeiros bancos, no salão dos carros de primeira classe.

A cidade do Recife


O Recife nasceu como decorrência do seu porto, ancoradouro de Olinda. Teve origem logo após a fundação de Olinda, no ano de 1537, de uma comunidade de pescadores, com suas pequenas palhoças em frente aos arrecifes de corais e por isso chamada de Arrecifes dos Navios. Era uma pequena e estreita área entre o Rio Capibaribe e o mar. Desta pequena península expandiu-se, subtraindo áreas dos mangues e explorando as várzeas do Beberibe e do Capibaribe, num intensivo processo de aterro.
Na várzea do Capibaribe os engenhos foram se sucedendo, ganharam nomes que ainda hoje encantam e batizaram inúmeros bairros de nossa cidade, tais como: Casa Forte, Monteiro, Apipucos, São Brás, Madalena, Torre, Cordeiro, Engenho do Meio, etc. Das várzeas do Tejipió os engenhos: Curado, São Paulo e Jiquiá.
Em 1548 muitas palhoças já podiam ser vistas; o século XVII mal iniciava e era erguida a ermida de Santelmo, que se transformaria depois na Igreja do Corpo Santo.
Do porto do Recife era alimentada a riqueza de nossos colonizadores, com embarcações saindo abarrotadas de pau-brasil, açúcar, algodão e fumo. E lá, também, chegavam mercadorias do Reino. O porto foi, também, testemunha do triste espetáculo dos desembarques dos escravos africanos por quase quatrocentos anos.
A notícia da riqueza da Colônia fazia a fantasia de muitos piratas e corsários. Um deles, o inglês James Lancaster, em 1595, dominou e saqueou o Recife. Surgiram os fortes para protegê-la, mas não suficientes para impedir que os holandeses aqui chegassem em 1630 e, por 24 anos, dominassem nosso território.
Ganhando importância econômica, o Recife, em pouco tempo, tornou-se um núcleo urbano, intensificando sua ocupação após a invasão holandesa em 1630 e, ainda mais, depois que os holandeses incendiaram Olinda, em 5 de dezembro de 1631.
Recife virou sede da administração flamenga e com a chegada do Conde Maurício de Nassau, em 1637, promoveu-se uma verdadeira revolução urbana na cidade. Surgiram palácios, canais, fortes, diques, ruas pavimentadas, pontes e aterros. Ao chegarem aqui havia cerca de 130 prédios, quando saíram havia 300. Os portugueses, em 1654, retomaram o comando do governo. Em 19 de novembro de 1709 o povoado foi elevado à categoria de Vila de Santo Antônio do Recife. Em 5 de dezembro de 1823, D. Pedro I elevou a vila à categoria de cidade, agora com o nome reduzido para Recife, para em 15 de fevereiro de 1827 passar a ser a capital da província de Pernambuco.


Esta foto é muito interessante: mostra a Avenida Guararapes ainda em construção. Ainda não existe o prédio dos Correios e outros. Nem o prédio do cinema São Luiz, embora na foto a gente identifica o prédio onde fica o Cine Art Palácio e Trianon. O Edf. Santo Albino também não. Detalhe para a Igreja de Santo Antonio, abaixo, na foto. No canto superior à direita, a abóbada da Assembléia Legislativa.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Forte do Brum

Localizado na extremidade Nordeste da antiga vila de Recife, no Istmo que a liga a Olinda, ao Sul do Forte do Buraco. Com o nome de Forte Diogo Paes, sua construção iniciou-se em 1629 a cargo do Sargento-mor Engenheiro Pedro Correia da Gama, uma vez que havia o receio de uma possível invasão holandesa, que se concretizou no início do ano seguinte. Tomado pelos holandeses, sua obra é por estes concluída, artilhado com 14 peças, e rebatizado como Forte Bruyne (por corruptela, Brum). Johan Bruyne era o presidente do Conselho de cinco comissários que governou o Brasil holandês. Reocupado por forças luso-espanholas ao final do conflito (1654), em 1880 sua artilharia constava de 48 peças de diferentes calibres.
Sofreu reparos em 1886, 1889, 1908 e 1909. À época da 1ª Guerra, foi guarnecido pela 2ª Bateria do 4º Batalhão de Posição da Bahia, sendo desarmado posteriormente. Foi tombado no nosso século pelo SPHAN, estando inscrito no Livro dos Bens Tombados sob o nr. 281. Restaurado e aberto à visitação pública, abriga atualmente o Museu Histórico Militar, que exibe armamento antigo e peças arqueológicas.

Forte das Cinco Pontas


Localizado ao Sul do Bairro de Santo Antônio (limite da cidade Maurícia), frente ao Forte da Barreta, com quem cruzava fogos na defesa da Barreta e de Afogados. Erguido em 1630 pelo Engenheiro Commerestein, a mando de Theodoro Weerdenberg, comandante das forças de terra holandesas, quando se apoderou de Recife. De formato poligonal com cinco baluartes nas extremidades, ficaria conhecido como Forte das Cinco Pontas.
Ainda em construção, resistiu a um ataque das forças luso-espanholas (ago/1630), sendo tomado apenas ao final da campanha pelas forças comandadas por André Vidal de Negreiros (23/jan/1654), o que levou ao pedido de armistício pelos holandeses. No dia 28 do mesmo mês, o Mestre de Campo General Francisco Barreto de Menezes entra solenemente no Forte e Van Schkopp entrega a Fernandes Vieira a cidade de Recife.
Por esta época, o Forte estava artilhado com 16 peças de diferentes calibres. Reconstruído mais tarde, perde um dos bastiões, assumindo a forma quadrangular que apresenta hoje. Foi palco do enforcamento dos líderes da Confederação do Equador e do fuzilamento de Frei Caneca (1825). Em 1847 contava com 14 peças de bronze e ferro, de diferentes calibres, guarnecido por um capitão e quinze praças.
Sofreu novos reparos em 1904. Restaurado e aberto à visitação pública, abriga atualmente o Museu da Cidade de Recife, exibindo gravuras antigas de Pernambuco e pinhas de louça portuguesa. Recomenda-se a visita aos calabouços para ver as antigas celas com grades de ferro.